reading book, girl, nature-1500650.jpgComo sempre buscamos aqui nos nossos artigos, vamos discutir a leitura, sempre apoiando nossas ideias a partir de alguma base teórica. No caso de hoje, em consonância com todo nosso direcionamento crítico, apoiamos-nos na abordagem sociointerativa da cognição, a qual busca conceituar a leitura a partir da ideia de que a mesma é uma prática que ultrapassa os limites intrapessoais. Isto significa dizer que, compreender um texto exige considerar que não se trata de uma ação puramente inerente ao ser humano, uma atividade individual. Compreender um texto significa analisar a situação, a história dos envolvidos no processo, as características de onde se está, o grau de formalidade, o objetivo da atividade, bem como o grupo social.

Por esse motivo, é muito comum fazer a leitura em uma dada época da vida e, ao retomar aquela leitura novamente, em outra fase, atribuir novos sentidos ao que se lê. Ou, em um exemplo mais comum ainda, dois alunos com um mesmo texto em sala de aula propor inferências diferentes ao mesmo material. Ou seja, a compreensão de um texto – tomada aqui como o processo de leitura – é um processo permeado de interatividade e não puramente de individualismo.

Assim, dentro do escopo da escola, é importante atentar-se para essa dimensão da leitura: àquela vinculada à inserção social, ao contexto e à realidade. Tanto no sentido de trazer textos que se aproximam do cotidiano do aluno, como também extrapolar os liames das atividades de livro didático que não se aprofundam realmente ao que se propõe os textos em estudo, focando em aspectos estruturais, em muitos casos.

É preciso um “uso real” da leitura de um texto. Fora dos muros da escola, a nossa compreensão não surge a partir da resposta às perguntas simplórias, precisamos da leitura fora da escola para recontar, inferir informações relevantes, retextualizar, fazer anotações, enfim, usamos leitura para produzir um texto Y a partir de um texto X. Desse modo, a leitura precisa ser concebida pelos alunos como algo que demanda habilidade, interação e trabalho. Até porque entender não é extrair sentidos, é produzir, fomentar conhecimentos e ter a clareza de que não há só uma forma de compreender o texto.

Quando descolamos o texto do centro do processo de leitura e colocamos o nosso aluno, suas experiências, seu esforço de compreensão e os conhecimentos que ele pode mobilizar a partir daquela leitura é que, finalmente, oferecemos as condições ideais para uma atividade com o texto que faz sentido pra ele.

Ou seja, dentro do processo de leitura na sala de aula, o mais importante é realizar inferências: antes, durante e após a leitura do texto – vamos falar detalhadamente de atividades para esses momentos adiante.

E você, professor, como trabalha as atividades de compreensão com seus alunos? Sistema pergunta e respostas? Perguntas elaboradas por você? Discussões orais a partir de inferências no texto? Sugestões de produção após a leitura?

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